Agressão em cães: existem raças perigosas?

Após os acidentes de agressões por cães dos últimos anos, as opiniões acerca de raças perigosa são polarizantes. Certas raças são normalmente associadas com maior agressividade. Mas será que realmente existem raças mais agressivas do que outras?

A Universidade de Bristol realizou 4 000 inquéritos acerca da agressividade, como rosnar, ladrar, morder e atacar em três situações: aos membros da família, a estranhos em casa, a estranhos fora de casa, tendo em conta fatores do cão (incluindo raça) e do tutor.

Qual é a origem da agressividade em cães?

Os resultados mostram que os cães normalmente mostram agressão apenas numa situação: ou contra a família ou contra estranhos. Logo, a agressão em cães normalmente tem uma origem na história do animal. Qualquer cão, até das raças mais dóceis, pode ser agressivo.

Por exemplo, interagir com um cão desconhecido sem permissão do tutor pode originar uma agressão. Também é função dos tutores proteger o cão de situações de ansiedade ou ameaça que possa despoletar esse comportamento agressivo de autodefesa.

A raça é um factor determinante da agressividade?

Comparando a agressão em classes de raças e animais de raça indefinida, descobriu-se que a agressão com a família é independente da raça. No entanto, a agressão com estranhos é superior em raças de pastoreio e inferior em raças de caça. No entanto, a diferença entre todos factores analisados, incluindo factores do tutor, apenas justifica 10% dos casos.

Claramente, cada raça tem alguns aspectos característicos de personalidade. Mas quando se trata de agressão, a influência da raça é muito pequena. Esta tendência encontrada entre classes de raças também pode se relacionar com a preferência de alguns tutores por essas raças, ou pelas condições como esses animais são criados.

O que torna algumas raças mais perigosas do que outras é o seu tamanho e força. Os cães de raças (potencialmente) perigosas não são definidos pela personalidade agressiva, mas sim pela seriedade de uma potencial agressão. É fácil perceber como a mordida por um Rottweiler poderá ser muito mais prejudicial do que a de um Pinscher.

Como podemos reduzir os casos de agressão por cães?

Mas isto poderá significar que devemos banir certas raças? Não. A aproximação correta é reduzir as situações em que os cães tendem a ter comportamentos agressivos. Tratar certas raças como perigosas, fechar estes animais e não permitir o contacto com os seres humanos pode até potenciar o comportamento agressivo.

Neste estudo, também foi possível constatar menor agressão em cães que frequentaram aulas de treino básico. Cães treinados com reforço negativo (remoção de estímulo negativo) ou castigos demonstraram maior tendência à agressão. Logo, a educação do cão é um factor determinante do seu comportamento.

A experiência vivida pelos animais acaba por ser um factor sob controlo do tutor e que poderá ter mais impacto em controlar a agressão do que a raça. Por isso torna-se importante os tutores estarem informados e dispostos a treinar o seu animal em treino básico e socialização, através de reforço positivo.

Referência: Casey et al. 2014

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