O que é um Cão de Assistência?

Este texto foi gentilmente cedido por João Fonseca, diretor da ABAADV – Escola de Cães-guia de Mortágua e perito na Comissão técnica europeia de Cães de Assistência.

O conceito de Cão de Assistência é relativamente novo e adveio da necessidade de encontrar um termo mais genérico que englobasse diferentes tipos de Cães, que para além dos Cães-guia para cegos, prestassem determinado auxílio às pessoas. Após a 1ª Guerra Mundial, apareceram os Cães-guia, em Inglaterra, para tentar ajudar aqueles que, devido a ferimentos de guerra, perderam a visão.

Mais tarde e ao longo do século XX, foram surgido outras variantes de treino de cães, direccionadas para outras necessidades específicas das pessoas e suas famílias, surgindo então os Cães para Surdos, os Cães de Alerta (para diferentes tipos de patologias), os Cães para auxílio na Mobilidade (na legislação portuguesa, denominados de “Serviço”), os Cães para crianças com PEA (perturbações do espectro do autismo), os Cães para PTSD (stress pós traumático).

Em comum, todos estes diferentes tipos de cães, denominados de “Assistência”, têm o facto de permanecerem 24 horas com o seu Utilizador, isto é, não fazem sessões de terapia, não são usados pelo seu treinador para prestar serviços, ou qualquer género de Intervenção Assistida por Animais. Estes, os de Assistência, estão exclusivamente com o seu utilizador, com quem vivem, dando-lhe o seu contributo para uma melhor Qualidade de Vida.

Este aumento de Qualidade de Vida, usufruído pelo utente do Cão de Assistência, é fruto do trabalho específico para o qual foi treinado, mas igualmente e muito importante, pela empatia, companheirismo, disponibilidade e lealdade do cão para com o seu “dono”. A relação estabelecida na Dupla, e a autonomia acrescida que se alcança, são factores de aumento de auto estima e integração social, que assim e em conjunto com o trabalho concreto que o cão faz, promovem a Qualidade de Vida daquele cidadão.

A legislação portuguesa em vigor, regulamenta a acessibilidade destes cães aos espaços públicos e estabelece alguns critérios de reconhecimento das entidades que educam e treinam os Cães de Assistência. Como nota, esclarecer que a legislação diz respeito exclusivamente a este tipo de cães.

Perante a urgência de clarificação de todo o sector, em termos de Normalização, surgiu na Europa, um conjunto de Países, em que Portugal se insere, que sob a égide da CEN, que está a produzir uma Norma que possibilite que a médio prazo (provavelmente 2021), os procedimentos de educação de um Cão de Assistência sejam iguais em todo o espaço europeu. Estão a ser definidos vários parâmetros como a terminologia, os standards de treino para cada tipo de cão, a regulamentação das entidades que os educam, as habilitações dos educadores, a avaliação, a ética, o bem-estar animal. Após este trabalho ser concluído, poderá então iniciar-se aquilo que se designa por Certificação.

Em Portugal existem 2 entidades (ABAADV e Ânimas) que sendo membros efectivos das respectivas entidades internacionais (IGDF e ADI) que auditam e creditam o trabalho em Cães de Assistência, são por isso reconhecidas e validadas.

 

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