Lupus eritematoso sistémico em cães e gatos

O lupus eritematoso sistémico em cães e gatos é uma patologia autoimune em que o sistema imune ataca os próprios tecidos do organismo. O lupus é uma patologia multissistémica, progressiva e imprevisível. Os sintomas são variados, podendo inicialmente ser confundidos com outras patologias.

O que é o lupus eritematoso sistémico em cães e gatos?

O lupus eritematoso sistémico resulta da produção de anticorpos contra antigénios específicos do organismo e pode ocorrer em cães e gatos. O lupus é uma hipersensibilidade tipo II, com reação de anticorpos contra proteínas do organismo, resultando em lesão imunomediada (e inflamatória) a múltiplos órgãos.

Ou seja, o corpo determina erradamente que as suas próprias proteínas são uma ameaça, lê a sua identificação (antigénio) e produz um alarme que avisa o sistema imune para atacar (anticorpo). O ataque ao próprio organismo resulta em inflamação e lesões que se vão agravando com o tempo.

Qual é a causa do lupus eritematoso sistémico em cães e gatos?

A causa do lupus ainda é pouco conhecia, mas parece envolver deficiências no sistema imune. É pouco comum nos cães e raro nos gatos.

O lupus eritematoso sistémico pode aparecer a qualquer idade, sendo a média os 6 anos. Existem raças com maior predisposição ao aparecimento do lupus, como o Collie, Pastor alemão, Beagle e Caniche.

A reprodução de animais com lupus deverá ser evitada uma vez que pode resultar de uma suscetibilidade genética. Ainda existem agentes ambientais, infeciosos e medicação que pode predispor ao seu aparecimento.

Sinais de lupus eritematoso sistémico em cães e gatos

Como o lupus eritematoso sistémico pode atacar qualquer órgão, os sinais são variáveis e dependem da área afetada. Os sinais podem ter aumentos e decréscimos de intensidade ao longo do tempo e aparecer de forma aguda ou crónica. O animal pode estar mais parado (letárgico), com falta de apetite (anorético), com articulações inchadas e com dores (artrite), febre em casos agudos, aumento dos gânglios linfáticos, dor ou perda muscular, e problemas neurológicos.

Em adição, há sinais dermatológicos como lesões simétricas na pele, como vermelhidão (eritema), descamação (caspa), ulceração, perda de pigmento da pele (especialmente na região do nariz) e perda de pelo (alopecia). A ulceração ocorre principalmente na junção da pele com as mucosas, como na região da boca.

Pode haver comprometimento dos rins (glomerulonefrite) devido à acumulação de complexos imunes de anticorpo e antigénio na unidade filtradora do rim, gerando inflamação e perda de função.

No entanto, os sinais mais comuns do lupus eritematoso sistémico em cães e gatos são a febre, letargia ou artrite e problemas de pele. Ainda pode haver sinais de perda de função renal, como perda de peso, vomito, muita micção e aumento da ingestão de água. Na pele, a alopecia, eritema, ulceração, crostas e aumento da espessura (hiperqueratose) são os mais comuns.

Diagnóstico do lupus eritematoso sistémico em cães e gatos

A suspeita de lupus eritematoso sistémico deve aparecer quando o cão ou gato apresentam mais do que um sistema de órgãos afetados. Devido à afeção de vários órgãos, os métodos de diagnóstico complementar variam para cada caso.

Em geral são recomendados a recolha de sangue, urina, identificação de anticorpos e recolha de líquido sinovial das articulações. Outros testes podem incluir radiografias, ecografias, biopsias ou testes de despiste de doenças (ex. FeLV) ou parasitas (ex. Leishmania).

Os critérios de diagnóstico do lupus eritematoso sistémico seguem o aparecimento de vários sinais numa tabela. Uma combinação mínima de sinais, com mais ou menos peso, são necessários para o diagnóstico do lupus eritematoso sistémico.

Tratamento do lupus eritematoso sistémico em cães e gatos

O tratamento do lupus eritematoso sistémico em cães e gatos passa por reduzir a ação do sistema imune, assim impedindo-o de atacar o próprio organismo. No entanto, este poderá ter efeitos secundários uma vez que o organismo fica incapaz de se defender de infeções.

Esta medicação pode incluir esteroides (prednisona), fármacos quimioterapeuticos (ciclofosfamida) e levamisole. Normalmente inicia-se com prednisona durante os primeiros meses, seguindo-se a passagem a levamisole.

A reincidência é comum independentemente da medicação usada e poderá ter sinais diferentes dos primeiros, através da afeção de outros orgãos. Poderá ser necessária medicação para toda a vida.

Recomenda-se a monitorização semanal, análise ao sangue regular e testes aos anticorpos. A hospitalização pode ser necessária em casos mais graves. Recomenda-se repouso, especialmente quando há artrite. Em animais onde os rins ficaram comprometidos recomenda-se uma dieta baixa em proteína.

O prognóstico é reservado. A falha renal e a degradação das células vermelhas do sangue são sinónimo de um mau prognóstico.

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