A sarna por Cheyletiella é altamente contagiosa e afecta, tanto os nossos animais de companhia, bem como o homem.
A prevalência de Cheyletiella têm sido reduzida devido à aplicação de desparasitantes externos para o controlo de pulgas e carraças. Estes produtos são também usados no tratamento desta sarna.
No entanto por vezes ainda aparecem casos, caracterizados principalmente pelo aparecimento de uma dermatite com descamação no dorso do animal.
O que é a Cheyletiella?
A Cheyletiella é um ácaro de grande tamanho que vive na superficie da pele e provoca uma sarna com dermatite e descamação principalmente no dorso. É chamada de “caspa ambulante”, uma vez que se é semelhante a uma escama de pele que se movimenta.
Vive na superfície da pele e cava pseudotuneis na pele descamada naturalmente. Por vezes, agarram-se à epiderme e enchem-se de um liquido sem cor. Os ovos são menores e ficam ligados firmemente aos pelos do hospedeiro.
A Cheyletiella afecta cães, gatos, coelhos e humanos. A sua prevalência é desconhecida mas pensa-se que actualmente é baixa devido à aplicação de desparasitastes.
Ciclo de vida de Cheyletiella
Todo o ciclo de vida da Cheyletiella se faz no hospedeiro em cerca de 21 dias (ovo, larva, ninfa e adulto). Se saírem do hospedeiro morrem rapidamente, com a excepção das fêmeas adultas que podem sobreviver fora do hospedeiro por 10 dias.
Que animais são afectados pela Cheyletiella?
Existem várias espécies, como uma que afecta cães (Cheyletiella yasguri), gatos (Cheyletiella blakei), e coelhos (Cheyletiella parasitivorax). No entanto parecem não ser muito especificas e passar entre espécies. Todas podem afectar o humano (são zoonoses).
Em cães ocorre com mais frequência em criadores. Em gatos pode originar dermatite miliar para alem dos sintomas habituais.
Transmissão da Cheyletiella
A Cheyletiella é altamente contagiosa, principalmente em jovens animais e humanos. O controlo deste parasita é importante para a preservação da saúde pública. Os ovos são uma forma importante de reinfestação. As duas formas principais de infestação são:
- Contacto directo: ovos e ácaros.
- Ambiente: ovos e fêmeas sobrevivem algumas semanas em objectos fora do hospedeiro.
Sintomas de Cheyletiella
Os sintomas nos animais variam de nenhum a dermatite com prurido intenso. Inicialmente forma-se descamação dorsal com pouco prurido, provavelmente devido à alimentação dos ácaros.
Em gatos, ao lamberem-se removem ácaros, ovos e a pele descamada. Isto pode levar à sinais iniciais menos intensos e uma progressão mais lenta. Com o tempo, a descamação espalha-se e fica mais severa, podendo haver perda de pelo e prurido.
Em alguns animais encontrou-se uma correlação entre a intensidade do prurido e o número de parasitas. Isto sugere que se desenvolveu hipersensibilidade ao ácaro. Alguns gatos apresentam dermatite miliar, caracterizada por erupções papulocrustosas. Outros apresentam pouco pelo na zona dorsal devido à sua lambida.
Diagnóstico de Cheyletiella
Baseia-se na identificação dos ácaros ou ovos. Em gatos poderá ser mais difícil visto que o animal ao lamber-se remove os ácaros, apresentando-os em menor número. Em cães sujeitos a banhos frequentes este também poderá ser um problema. Para identificação de ácaros utilizam-se as seguintes técnicas:
- Exame do animal com lupa
- Raspagens da pele com lamina de bisturi
- Impressão com fita-cola
- Colecta de pele (tricografia) ou escamas da pele
- Exame fecal
- Pente para pulgas
Os sintomas referidos poderão ter origem em outras patologias e não no parasitismo por Cheyletiella. Como parasitismo intestinal, má nutrição, outras sarnas e infestação por pulgas, etc. Em gatos pode-se também incluir a possibilidade de diabetes mellitus e patologia hepática.
Tratamento da Cheyletiella
Na maioria dos casos, a infestação pode ser resolvida com a aplicação semanal de insecticidas para pulgas. Estes têm sido eficazes no controlo da população do ácaro e na redução da sua prevalência.
Reinfestação pode ocorrer por contacto com outros animais ou com o ambiente infestado. Por vezes são utilizados produtos para o tratamento de pulgas no ambiente para evitar a reifestação.
Podem ser utilizados acaricidas tópicos ou sistemicos. Deverão ser tratados todos os animais da casa uma vez que é altamente contagioso e os animais podem ser portadores assintomáticos ou estarem no estágio inicial da doença.
São utilizados fipronil em spray ou spot-on (ex. frontline), permetrina, amitraz. Fármacos sistémicos incluem selemectina, milbemicina oxima e ivermectina. Deverão ser recomendados pelo médico veterinário uma vez que a sensibilidade dos animais varia.
O período de tratamento deve ser prolongado até se erradicar por completo a Cheyletiella no animal e ambiente. Na prática faz-se por 2 meses e continua-se até ser demonstrada a ausência do parasita.
Cheyletiella em humanos
No humano, transmite-se por contacto directo e forma máculas eritematosas nos braços, tronco e glutens. Evolui para uma macula vesicular, depois pustular, acabando por rebentar e produzir crostas amarelas com prurido.
Lesões mais antigas apresentam uma área central de necrose. No humano, a doença depende da reinfestação constante através do contacto com animais. Sem reinfestação, as lesões curam-se em 3 semanas.
Muito bom!!!