25 alimentos tóxicos para os cães e gatos

Os cães e gatos são curiosos e gostam de provar a nossa comida. No entanto, devemos ter cuidado quando deixamos comer do nosso prato, pois alguns dos nossos alimentos são prejudiciais à saúde dos nossos animais.

Todos os cuidadores sabem que o chocolate é um alimento proibido para os animais. Mas existem outros alimentos tóxicos para animais que são menos conhecidos e estão na nossa alimentação.

Não é apenas uma questão da dieta humana não ser nutricionalmente equilibrada para os animais. A ingestão de restos de comida pode trazer outros perigos, como intoxicações ou intolerâncias.

A ingestão de alimentos tóxicos podem ser prejudicial à saúde. Os sintomas variam de desconforto gastrointestinal com vómitos e diarreia a casos mais graves que podem mesmo terminar em morte.

Alimentos tóxicos para cães e gatos:

  1. Chocolate;
  2. Café;
  3. Chá;
  4. Cebolas;
  5. Alho;
  6. Uvas e passas;
  7. Álcool e massa de pão;
  8. Adoçante (xilitol);
  9. Fígado;
  10. Leite e derivados;
  11. Ossos;
  12. Espinhas;
  13. Coco e óleo de coco;
  14. Abacates;
  15. Ovo cru;
  16. Frutos secos;
  17. Nozes macadâmia;
  18. Salgados;
  19. Sementes de frutos;
  20. Citrinos;
  21. Carne e peixe crus;
  22. Alimentos ricos em gordura;
  23. Alimentos açucarados;
  24. Alimentos estragados e lixo;
  25. Rações desadequadas à espécie e metabolismo.

Chocolate

O chocolate contém teobromina que é uma metilxantina, à semelhança do café e chá. A maioria das intoxicações ocorre por ingestão de chocolate ou cacau. Os gatos são mais sensíveis, mas são os cães que tendem a ingerir mais estes alimentos.

A intoxicação por metilxantinas induzem sinais dentro de 1 a 3 horas após ingestão. Os sinais incluem hiperatividade, vómito, ataxia, respiração acelerada (taquipneia), incontinência, diarreia, tremores, batimento cardíaco acelerado (taquicardia), hipertermia e desidratação.

Os sinais poderão evoluir para alterações cardíacas e musculares graves, podendo resultar em coma e morte. A severidade dos sinais depende da dose ingerida.

Um grama de chocolate contém de 0.6 – 1.1 mg de teobromina (estudo). A toxicidade de teobromina nos cães é observada em sinais ligeiros (vómitos, hiperatividade) a 20 – 40 mg/kg sendo que doses superiores de 60 mg/kg podem ser letais (estudo).

Para um cão de 5 kg, os sinais podem ser observados após a ingestão de 100 mg de teobromina. No pior cenário, esta quantidade pode ser encontrada em 91 g de chocolate. Um cão de 5 kg ingerindo apenas meia barra de chocolate pode ficar intoxicado.

O ideal é nunca dar chocolate ao seu cão. Os chocolates para cães que encontra à venda não contêm teobromina ou não contêm cacau, sendo seguros.

Café

O café contém cafeína que é uma metilxantina, à semelhança do chocolate e chá. A intoxicação poderá resultar por ingestão de café, grãos de café, ou bebidas com cafeína como bebidas energéticas e Coca-Cola. Os sinais são semelhantes à intoxicação por chocolate.

Chá

O chá contém teofilina que é uma metilxantina, à semelhança do chocolate e café. Os sinais são semelhantes à intoxicação por chocolate.

Cebola

A cebola contem alicina que se desdobra num composto tóxico. Este lesa as membranas dos glóbulos vermelhos originando hemólise e anemia. Mesmo cozinhados são perigosas, apresentando toxicidade de 5 gramas por cada quilo de peso do animal. Os sintomas duram 2 a 4 dias e incluem vomito, diarreia, hipersalivação, letargia, membranas mucosas pálidas e dificuldades respiratórias.

Alho

O alho, à semelhança da cebola, contém alicina, que pode originar hemólise e anemia. Não deverá incluir alho na alimentação dos seus animais.

Uvas e passas

As uvas e passas podem causar uma falha renal aguda com dor e redução do volume de urina. Um dia após a ingestão começam os vómitos, seguindo-se letargia, anorexia e diarreia e, por fim, insuficiência renal aguda. Pensa-se que o a origem da toxicidade esteja em fungos presentes na superfície das uvas e passas.

Álcool e massa de pão

A maioria das intoxicações resultam da ingestão de bebidas alcoólicas, mas também por ingestão de massa crua ou fruta fermentada. A temperatura corporal permite que a fermentação ocorra dentro do animal, libertando-se etanol.

O etanol é absorvido rapidamente no intestino e chega ao cérebro. Inicialmente sofrem de vómitos e excitação, seguido de ataxia, letargia, hipotermia, incontinência, colapso e depressão. Intoxicações severas podem originar morte.

Também pode ocorrer por metanol. O metanol encontra-se nas bebidas alcoólicas, álcool etílico, massa de pão, medicações, tintas, solventes e combustíveis.

Adoçante (Xilitol)

O xilitol (E967) encontra-se em pastilhas elásticas e doces sem açúcar, pasta dos dentes, sobremesas e bebidas. Causa um pico de insulina originando hipoglicemia e falha hepática. A fraqueza, ataxia, visão alterada e convulsões começam aos 30 a 60 minutos. Seguem-se sinais hepáticos como icterícia.

Fígado

A ingestão de grandes quantidades de fígado ou de suplementos pode originar um excesso de vitamina A com efeito tóxico. Os sintomas incluem letargia, perda de apetite, perda de peso, obstipação, alergias na pele, pelo baço e postura sentado anormal.

Leite e derivados

O leite de vaca e derivados contém grandes quantidades de lactose. Os cães e gatos não têm a capacidade de digerir a lactose por falta da enzima lactase. A lactose não é absorvida e atrai água para o lúmen intestinal, originando diarreia.

As bactérias intestinais fermentam a lactose originando desconforto abdominal e flatulência. Se pretende fornecer leite ao seu cão ou gato, compre formulas específicas para a espécie.

Ossos

Os ossos, crus ou cozinhados, são perigosos para os cães e gatos. Os ossos de frango são especialmente perigosos por serem mais mineralizados e partirem em lascas.

Os ossos podem levar a que o animal parta dentes, os ossos obstruam o sistema gastrointestinal, e fragmentos perfurem o intestino. São casos graves pois a bactérias intestinais podem espalhar-se pela cavidade abdominal (peritonite), tendo prognóstico reservado.

Alguns cuidadores fornecer ossos porque pensam que estão a fornecer cálcio ao animal. Esta prática é até recomendada nas dietas de carne crua. No entanto, o cálcio nos ossos não é absorvido pelo organismo. Logo, não há vantagem em dar ossos ao seu cão ou gato.

Espinhas de peixe

As espinha de peixe, à semelhança dos ossos, podem causar obstruções e perfurações gástricas. O seu conteúdo nutricional é limitado. É um mito que os gatos são apreciadores de espinhas de peixe.

Coco e óleo de coco

O coco e óleo de coco podem ser utilizados em pequenas quantidades sem risco. Em elevadas quantidades, os óleos de coco podem irritar o estômago e causar diarreia.

A água de coco tem elevados níveis de potássio que podem destabilizar o equilíbrio de iões no sangue e causar distúrbios no batimento cardíaco. Logo, o coco não é aconselhável para os animais de companhia.

Abacates

Os abacates contêm um principio tóxico chamado persina. Não é tóxico para o cão e gato, mas pode causar ligeira irritação do estômago se comerem elevadas quantidades. Ingestão do caroço poderá causar obstrução gastrointestinal. A inclusão em rações comerciais não apresenta risco.

Ovo cru

No ovo cru, há o risco da presença de salmonela, que pode causar doença graves, e factores anti-nutricionais, que prejudicam a absorção de certos nutrientes. Cozinhar o ovo torna-o mais seguro e nutritivo para os animais.

Frutos secos

Frutos secos incluem amêndoas, nozes e nozes pecãs. Os frutos secos contêm elevadas quantidades de óleos e gorduras. Estes óleos e gorduras podem causar vómito, diarreia e até pancreatite em animais. Logo, não os deveremos dar aos nossos animais de companhia.

Nozes Macadâmia

Apenas os cães são afetados em doses superiores ou iguais a 2.4 g por cada quilo de peso. Pode causar fraqueza, depressão, vómito, tremor, hipertermia. Os sinais aparecem às 12 horas e podem durar 12 a 48 horas.

Salgados

Alimentos contendo muito sal, como batatas fritas, pretzels e pipocas salgadas deverão ser evitados. Excesso de sal pode causar sede e poliuria, ou até intoxicação. Os sinais apresentados são vómito, diarreia, depressão, tremor, hipertermia, convulsões e morte.

Sementes de frutos

Sementes de maçã, cereja, pêssego, nectarinas e ameixas causam obstrução e contêm um químico natural (amidglina) que liberta cianeto quando digerido. O cianeto causa dilatação das pupilas, hiperventilação, vómito, diarreia, arritmia, irritação cutânea, choque e até morte aos 2 a 4 dias.

Citrinos

A planta, a fruta e as sementes contêm ácido cítrico e óleos essenciais que podem causar alteração do sistema nervoso central e depressão se ingerido em elevadas quantidades. Se os cães e gatos ingerirem citrinos em quantidades pequenas, as baixas doses de ácido cítrico e óleos essenciais não originam sinais para além de irritação do estômago. No entanto, deveremos evitar dar citrinos aos animais.

Carne e peixe crus

Tal como os ovos, a carne e peixe crus podem estar contaminados com bactérias como a Salmonella e Campilobacter, que estão na origem de gastroenterites graves. A congelação apenas adormece os microrganismos e o ácido estomacal dos animais de companhia não é suficiente para eliminar o perigo.

Alimentos ricos em gordura

Aparas de gordura, banha, bacon, alimentos fritos ou outros alimentos ricos em gordura podem causar distúrbios gastrointestinais e até inflamação do pâncreas (pancreatite). Logo, deverá evitar fornecer alimentos ricos em gordura ao seu cão ou gato.

Alimentos açucarados

Doces e gomas podem causar problemas dentários, obesidade e diabetes. Para além dos adoçantes artificiais, como o xilitol, o açúcar em excesso pode também ser prejudicial ao organismo a longo prazo.

Alimentos estragado e lixo

Durante a evolução, os cães e gatos comiam restos de comida humana, alimentos estragados ou apodrecidos. Atualmente, é mais comum os nossos animais encontrarem-se com estes alimentos ao “assaltarem” o lixo doméstico.

Os alimentos estragados podem conter bactérias e toxinas produzidas por fungos que podem causar vómitos, diarreias, tremores musculares, febre, salivação, e alterações hepáticas. Logo, deverá manter sempre o lixo fora do alcance dos animais de companhia.

Rações desadequadas à espécie e metabolismo

As rações são formuladas especificamente para a espécie, idade, e metabolismo do animal. Logo, deverá sempre fornecer uma ração adequada ao seu animal. Dar uma ração de cão ao gato, ou de adulto a um filhote, poderá produzir problemas de saúde a longo prazo devido a desequilíbrios nutricionais.

O que fazer se o cão ou gato ingerir um alimento tóxico?

Deverá evitar que os cães e gatos possam ter acesso a alimentos prejudiciais à sua saúde, especialmente aos alimentos que podem causar sintomas graves. Evite dar alimentos humanos ao seu animal, como forma de prevenir que ingira alimentos tóxicos comuns, como cebolas e alho.

Se o suspeita que o seu animal ingeriu um alimento tóxico, deverá mantê-lo sob observação. Se o animal demonstrar sinais de intoxicação deverá consultar o seu médico veterinário. O tratamento precoce da intoxicação, ou até a indução do vómito, podem salvar a vida do seu animal.

Referências: ASPCA: People Foods to Avoid Feeding Your Pets; Merck Manual for Pet Health: Food Hazards

2 comentários em “25 alimentos tóxicos para os cães e gatos”

  1. Óleo de coco é água de coco são ÓTIMOS para animais… principalmente cães e gatos. Tem medida claro como tudo… mas é maravilhoso. Dizer que é tóxico ou não é aconselhável é no mínimo errado. Tenho inúmeros cursos na área de nutrição funcional veterinária e por experiência própria posso afirmar isso. Só faz bem. Medida certa tudo tem. Agora dizer que faz mal algo tão maravilhoso para saúde é um absurdo… me desculpe.

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    • Olá Ágatha,
      Tal como mencionamos, pequenas doses não apresentam perigo. Elevadas doses poderão originar hipercalémia, o que poderá causar por exemplo arritmias. Estes são os factos.
      Opiniões pessoais, títulos e evidencias anedóticas não são provas. Se tiver uma referência credível para os seus argumentos será bem vinda.
      Abraços,
      Joana Prata

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