As rações para animais de companhia são uma grande comodidade. Elas permitem fornecer uma nutrição adequada, a baixo preço e com comodidade.
Na verdade as rações vieram para prolongar o tempo de vida dos nossos animais. No entanto, a maioria dos cuidadores desconhece como é feita a ração para o seu cão ou gato.
Então como são feitas as rações para animais? As rações são formuladas de acordo com as necessidades nutricionais dos animais.
É feita uma mistura de ingrediente que passa por um processo de extrusão, no caso das rações secas, ou é cozido dentro de latas, saquetas, ou tinas, nas rações húmida.
As rações para animais tornaram-se populares nos últimos 50 anos. Desde esse momento, o mercado das rações não parou de crescer.
Com a crescente preocupação com a saúde animal, criaram-se formulações adequadas a vários estilos e estágios da vida do animal.
Tipos de rações para animais
Existem vários tipos de rações para animais. As rações secas contêm apenas 10% de húmidade e assemelham-se a biscoitos ou croquetes.
As rações húmidas, normalmente comercializadas em latas ou saquetas, têm 70% de húmidade. Esta diferença de composição leva a que sejam necessários ingredientes e processos diferentes.
Qual é a composição das rações para cães e gatos?
As rações para animais utilizam vários ingredientes para conseguir um equilíbrio nutricional adequado. Com base no perfil de nutrientes de cada ingrediente, é criada uma mistura equilibrada.
Formulação de dietas completas e equilibradas
Os animais têm necessidades nutricionais especificas, dependendo da espécie, idade, e metabolismo. As indústrias das rações formulam receitas que forneçam todos os nutrientes de forma equilibrada.
As necessidades nutricionais dos cães e gatos são conhecidas e publicadas por entidades reguladoras. Na União Europeia, os produtores de rações seguem as indicações da FEDIAF.
Em baixo, apresenta-se a composição mínima da ração em proteína e gordura recomendada pela FEDIAF, para animais adultos e por matéria seca (normalizado pelo conteúdo de humidade da ração):
Nutriente | Cão | Gato |
Proteína | 21.0% | 33.3% |
Gordura | 5.5% | 9.0% |
Para além deste macro-nutrientes, a entidade reguladora estabelece limites mínimos de vários micronutrientes, como aminoácidos, ácidos gordos, minerais e vitaminas.
Também são estabelecidos limites legais máximos para nutrientes que podem ser tóxicos em excesso. Estas recomendações são o resultado de muitos anos de estudo em nutrição animal.
Conhecendo os objetivos para uma boa nutrição para o cão e gato, os médicos veterinários nutricionistas podem formular uma ração.
Tendo acesso a tabelas da composição em nutrientes de cada ingrediente, podem combiná-los para obter uma ração equilibrada. Alguns nutrientes têm que ser adicionados em excesso porque se perdem durante o processamento.
As melhores rações são aquelas que testam a composição nutricional dos ingredientes e ração final. Testes em que os animais comem a ração e são recolhidas as fezes ainda permitem concluir sobre a absorção dos nutrientes.
Leia também: Quantidade diária de proteína para cães.
Ingredientes nas rações
Todos os ingredientes utilizados nas rações para animais de companhia ter passado por um controlo de segurança alimentar. Apenas são utilizados alimentos seguros na produção das rações.
Estes ingredientes ser, por exemplo, carnes, peixes, cereais, frutas. Podem ser utilizados frescos como também na forma de farinhas ou outros preparados.
Aditivos como vitaminas, minerais, corantes e conservantes permitem ajustar a concentração de micronutrientes e garantir a segurança do produto final.
A escolha dos ingredientes também tem em conta o seu valor no mercado. A maioria das rações é formulada com os ingredientes que possam ser ajustados de acordo com a flutuação do preço nos mercados.
Por outro lado, os ingredientes são escolhidos por tipo de ração. As rações secas necessitam de utilizar fontes de amido, como cereais, para atingir a sua consistência. As rações húmidas ou semi-húmidas usam amido e gelatinas.
Subprodutos de origem animal nas rações
Para além da controvérsia acerca do uso de cereais, que motivou a criação de rações grain free, é também criticado o uso de subprodutos de origem animal.
Os subprodutos são peças que não são comercializadas para consumo humano por não terem valor comercial. Em Portugal, os subprodutos são divididos em categorias.
A categoria M1 e M2 incluí animais com doenças, contaminantes e carcaças de animais de companhia, de zoo, de investigação ou selvagens. Estes subprodutos nunca poderão ser utilizados para rações. São eliminados ou transformados em fertilizante ou biogás.
Apenas os subprodutos M3 são utilizados nas rações comerciais. Estes incluem peças sem valor comercial, com inconformidades ou rejeitadas e sem doença. Apenas estas poderão ser utilizadas para a produção de ração para animais de companhia.
Portanto é segura a utilização de subprodutos animais na ração de animais de companhia. Permitem dar um fim-de-vida útil e valorizar estas peças.
Mas mais importante ainda é que os subprodutos são muito nutritivos. Ao utilizar orgãos internos, como fígado e intestinos, consegue-se um perfil nutritivo mais interessante do que apenas utilizando carne (músculos) apenas.
Aliás, nas comidas caseiras até se recomenda a utilização de vísceras para melhorar o equilíbrio nutricional da dieta.
No entanto, existem outros subprodutos de menor qualidade. É o caso de subprodutos que incluam penas e bicos de aves.
Ler o rótulo não nos permite avaliar se os subprodutos são mais ou menos nutritivos. Logo, não devemos necessariamente excluir rações que usem subprodutos.
Como são feitas as rações para cães e gatos?
Após a formulação da dieta, as matérias-primas (ingredientes) são encomendadas e aprovadas, dependendo da frescura, qualidade nutricional, e digestibilidade dos ingredientes.
Os ingredientes chegam à fábrica na sua forma fresca, congelada ou em farinha. Passam pelo controlo de qualidade e são medidas os níveis de gordura e proteína antes de integrarem as linhas de produção automáticas.
Ingredientes frescos podem passar por processos que separam os seus nutrientes, sendo de seguida triturados para ser misturados. A farinha pode ser misturada de imediato. Os ingredientes são misturados até formarem uma massa uniforme.
Extrusão de ração seca
A ração seca é produzida através da extrusão. A extrusão implica a cozedura rápida da mistura de ingredientes ao fazê-la passar por pequenos orifícios a elevadas temperaturas e sob pressão.
A extrusão expande as partículas, cozinhado e tornando a mistura mais nutritiva, crocante, e agradável ao paladar. A forma do orifício (do extrusor) determina a forma dos croquetes.
A forma é escolhida para que seja do tamanho ideal para o animal morder. Nem pequena demais para ser engolida inteira, nem grande demais que dificulte a mastigação.
A forma e tamanho da ração afta a aceitação da ração pelos cães e gatos. Por isso, é cuidadosamente escolhida. Atualmente existem rações com formas especificas para facilitar a ingestão, como rações apropriadas para cães braquicefálicos.
Após a extrusão, a ração passa por uma secagem a elevada temperatura seguida de arrefecimento. No final, a ração seca é coberta em gorduras, vitaminas e sabores.
Só são adicionados depois do aquecimento para evitar a sua degradação. E contribuem para a aceitação da ração, uma vez que dão sabor e um pouco de humidade.
Por último, a ração é colocada em pacotes e vendida. A ração seca tem um prazo de validade mais curto do que a ração húmida. No entanto, depois de aberta mantem a qualidade durante mais tempo.
Produção da ração húmida
As rações húmidas têm um processo mais simples. Os ingredientes são descongelados e cortados imediatamente antes da produção.
A mistura de ingredientes é pesada e colocada em recipientes limpos (latas, saquetas ou tinas) na quantidade correta. São também adicionados minerais e vitaminas para obter uma dieta equilibrada.
São aplicadas tampas para selar o recipiente. Os recipientes são aquecidos a temperaturas elevadas num tempo definido para eliminar microrganismos perigosos que possam estar no seu interior.
Depois de arrefecer, são colocadas etiquetas e os recipientes armazenados em caixas prontas a ser vendidas.
A história das rações para animais
Nem sempre existiram rações para animais. Antes do século XIX, os animais eram alimentados com restos e comida caseira.
Sabia que quem inventou a ração canina foi o londrino James Spratt, que produziu o primeiro biscoito para cães em 1890. O seu sucesso levou à expansão das rações para animais.
A primeira ração em lata, chamada Ken-L-Ration, apareceu em 1922. Seguiram-se várias fórmulas secas, criando-se um novo tipo de ração contendo uma mistura de ingredientes secos. A conveniência de poder comprar grandes quantidades e não necessitar de preparação levou ao seu sucesso.
Em 1931, a companhia Nabisco começou a tentar vender os seus produtos em mercearias. Existiu algum resistência inicial, devido à utilização de subprodutos considerados como pouco higienicos.
No entanto, com insistência, a ração Milk Bones chegou aos supermercados. A conveniência de comprar ração no supermercado ultrapassou as anteriores preocupações com a higiene. Assim, as rações começaram a ser vendidas em supermercados.
Em 1941, 90% do mercado era das rações em latas. Com a chegada Segunda Guerra Mundial, a carne e metal tornaram-se escassos. A industria das rações teve que se adaptar. Assim começou a produção das rações secas. No entanto, após a guerra a ração em lata voltou a ser popular.
Só com a invenção a extrusão pela Purina na década de 50 é que a ração seca se tornou popular. Em 1975, a ração seca Purina Dog Chow começou a ser comercializada. Em apenas um ano, tornou-se a ração mais vendida nos EUA.
Seguiu-se uma expansão do tipo de rações. Inicialmente, a mesma ração era comercializada para cães e gatos. Com a descoberta das necessidades nutricionais e popularidade dos gatos como animais de estimação, as companhias passaram a produzir rações adaptadas a cada espécie.
Seguiu-se a criação de novas rações mais saborosas vendidas como os produtos “gourmet”. Na década de 70, apareceram as rações premium vendidas exclusivamente em lojas de animais, lojas de ração ou clínicas veterinárias.
Estes foram os primeiros produtos direcionados a vários estadios da vida. A recomendação destas rações pelos criadores também contribuiu para o seu sucesso.
A partir de 2000, apareceram novas rações foram desenhadas para vários estadios da vida, metabolismos e doenças. Alguns nichos mais recentes incluem rações sem grãos, rações naturais e orgânicas e rações cruas.
Esta evolução ainda contínua e representa a crescente preocupação dos cuidador em dar a melhor alimentação ao seu animal.