Tipos de rações para cães e gatos: Como escolher a melhor para o seu animal

Os cuidadores querem dar a melhor ração ao seu cão ou gato, garantindo uma vida saudável e feliz. Mas com tantos tipos de rações para animais, como poderá escolher a melhor ração para o seu animal de companhia?

Escolher um tipo de alimento adequado ao seu animal permite fornecer uma nutrição completa, preservar a vitalidade e saúde, assegurar uma pele saudável e pelagem bonita, manter uma boa saúde oral, favorecer uma boa digestão e fezes duras e sem odor, sendo também prática e fácil de armazenar para o cuidador.

Neste artigo ajudamos a escolher o tipo de ração mais adequado para o seu cão e gato. Iremos abordar várias formas de classificar as rações: pela humidade, pela qualidade, pelo metabolismo, e pelos ingredientes.

Tipos de ração por conteúdo de humidade

Uma forma de classificar as rações é pelo seu conteúdo de água, que reflete como foi produzida. Os diferentes tipos de ração têm vantagens e desvantagens, pelo que deverá escolher a mais adequada ao seu caso.

Rações húmidas podem ser vantajosas para animais jovens, sénior, e convalescentes por serem mais fáceis de ingerir. As rações secas são mais baratas e convenientes, facilitando a manutenção do peso e prevenção da obesidade.

As rações húmidas aparentam favorecer um aporte adicional de água. No entanto, estudos recentes sobre a humidade das rações dos gatos revelam que os gatos não urinam mais quando comem rações húmidas. Logo, os gatos que comem ração seca ingerem água suficiente.

Dica: A palatabilidade é uma medida subjetiva da preferência dos animais pelo alimento.

Rações secas

São croquetes produzidos por extrusão, em que a massa expande e coze quando passa por uma pequena abertura sujeita a elevadas temperaturas e pressão. O processo torna os amidos mais digeríveis e esteriliza, favorecendo a conservação.

Como alguns nutrientes se perdem no processo (ex. vitaminas), são adicionados em excesso à massa ou após a confeção. Os grãos secos são ainda cobertos com gorduras, que melhoram a palatibilidade.

Estas rações são convenientes, baratas, e fáceis de armazenar por longos períodos. Podem ser menos palatáveis e têm um menor conteúdo de humidade (10%), obrigando o animal a ingerir água.

Rações húmidas

São patês, pedaços e gelatinas normalmente apresentados em latas ou saquetas, onde são fechados e cozidos com calor e pressão. Podem providenciar uma nutrição completa ou ser uma guloseima.

São mais palatáveis, têm menos carboidratos, e são fáceis de armazenar antes de aberto, favorecem o consumo de calorias (para engordar), e aumentam a ingestão de água. No entanto, são mais caros pois os nutrientes estão mais diluídos (75% de água), devem ser armazenadas no frigorifico após abertura, e podem causar obesidade ao serem palatáveis.

Leia também: Porque é que os gatos têm paladares mais exigentes?

Rações semi-húmidas

São rações geralmente em pedaços com menor conteúdo de água (30%) e conservadas utilizando aditivos ou refrigeração. São palatáveis devido à presença de açúcares (para os cães).

São convenientes ao terem um cheiro menos intenso que as rações húmidas, virem em porções únicas, poderem ser servidas ad libitum (livremente) por terem menos calorias. No entanto, perdem palabilidade ao secaram rapidamente.  

Rações frescas

São rações de elevada palatabilidade mas geralmente caras. São vendidas como porções, conservadas por refrigeração ou congelamento. Os ingredientes são frescos e inteiros, geralmente sendo adicionado um suplemento vitamínico e mineral.

Guloseimas

As guloseimas e snacks têm como principal objetivo a palatabilidade, tendo pouco interesse o seu conteúdo nutritivo. São utilizadas para mimar o animal, fortalecendo o laço como o cuidador, ou como reforço positivo durante o treino. A ingestão de guloseimas não deve ultrapassar 10% do aporte calórico diário do animal.

Leia também: Como são produzidas as rações para animais de companhia.

Tipos de ração por qualidade

Outra forma de classificação das rações é através da qualidade, que está integralmente relacionada com o preço. Um produto barato irá necessariamente utilizar ingrediente de pior qualidade, sendo menos digeríveis podendo ser necessário fornecer maior quantidade.

Rações de pior qualidade tendem a sofrer variações na sua composição de acordo com os preços dos ingredientes, variando em qualidade. A descrição dos seus ingredientes tende a ser mais vaga (ex. carne e derivados), para permitir ajustes na receita dependendo do preço das matérias-primas.

Os testes nutricionais aos ingredientes e ração final, e testes de alimentação em que cães e gatos comem e ração e são monitorizados, são caros.

As rações mais baratas baseiam-se em cálculos e estimativas, sendo menos precisas no equilíbrio nutricional. No entanto, continuam a seguir as recomendações nutricionais das autoridades se forem completas e equilibradas.

  • Rações económicas: mais baratas ou marcas brancas em que a prioridade é fornecer um preço baixo.
  • Rações standard: gama média que procura atrair o cuidador através do marketing e de maior palabilidade.
  • Rações premium e super-premium: incluem ingredientes de elevada qualidade e digestibilidade, alguns com benefícios para a saúde (terapêuticos), e realizam estudos para garantir o equilíbrio nutricional.

Dica: A digestibilidade descreve a quantidade de nutrientes que é absorvida pelo organismo, sendo o restante eliminado nas fezes. Logo, rações de menor digestibilidade (e menor qualidade) tendem a produzir mais fezes. Mais fezes também podem ser produzidas em dietas de controlo de peso devido a presença de elevadas quantidade de fibra.

Tipos de rações por metabolismo, idade e terapêuticas

As necessidades nutricionais vão se alterando durante as diferentes etapas da vida. As rações completas e equilibradas são formuladas respeitando estas necessidades nutricionais da espécie, metabolismo, e idade específicas. Logo, um gato não deverá ser alimentado com ração para cão, e vice-versa.

O metabolismo e idade permitem ajustar às necessidades de cada fase da vida. Por exemplo, os animais jovens têm maiores necessidades calóricas e proteicas para o crescimento dos tecidos, enquanto os animais idosos têm um metabolismo mais lento e requerem menos calorias.

É frequente encontrar rações para animais castrados por ser menos calóricas, uma vez que têm um metabolismo mais lento. Logo, deve escolher uma ração adequada à etapa e estilo de vida do seu animal.

Algumas marcas apresentam rações adaptadas a raças específicas, considerando o tamanho da boca, necessidades nutricionais específicas, e ingredientes funcionais que ajudam a prevenir patologias.

Ainda existem rações terapêuticas utilizadas no tratamento de patologias específicas, sob supervisão do médico veterinário.

Tipo de ração por classificação e ingredientes

Atualmente existem inúmeras classificações de rações e dietas para animais de companhia. As rações comerciais são as mais comum, estando a tornar-se popular a alimentação alternativa para cães e gatos. Ambas podem apresentar alimentos completos e equilibrados favoráveis à manutenção da saúde do seu animal de companhia.

Alimentação alternativa para cães e gatos

As rações alternativas para animais de companhia estão a ganhar popularidade devido a uma maior preocupação dos cuidadores com a saúde, bem-estar e ética. De acordo com os cientistas, as regras sociais e culturais do cuidador influenciam a escolha dos alimentos para animais, o que nem sempre reflete a qualidade nutricional.

Pode também funcionar como partilha de identidade de grupo (ex. o cuidador que não come porco pode procurar uma ração sem porco), como expressão de afeto, e como tentativa de controlo da saúde do animal.

Cuidadores podem procurar fornecer comida alternativa a cães e gatos que sofram de doenças graves ou incuráveis, tentando melhorar a saúde do animal por todos os meios disponíveis.

Em dietas alternativas, a lista de ingredientes é um dos principais critérios para a seleção de alimentos. No entanto, a aceitações de certos ingredientes varia com as diferentes culturas e o valor nutricional dos ingredientes pode variar com o lote.

No entanto, o equilíbrio nutricional é atingido pela combinação adequada de vários ingredientes, pelo que a lista de ingredientes é uma ferramenta insuficiente na avaliação da qualidade de uma ração.

Em alternativa, um maior peso deve ser dado à adequação para o metabolismo e a realização de análises após a produção ou testes da dieta em animais. Geralmente estas análises e testes são mencionados no rótulo transmitindo maior confiança ao consumidor.

Dietas caseiras

As dietas caseiras procuram controlar a adequação nutricional e qualidade dos ingredientes, envolvendo o cuidador na preparação da ração. Requer investimento de tempo, compra de ingredientes caros, e procura de conhecimento especializado para a formulação de receitas por um médico veterinário nutricionista.

Muitas receitas de dietas caseiras para cães e gatos são inadequadas, existe variação entre lote de ingredientes (ex. um bife pode ter mais ou menos gordura), e o cuidador pode variar a receita. Recomenda-se o seguimento veterinário do animal para avaliação do estado nutricional pelo menos duas vezes ao ano.

Dietas naturais e orgânicas

As dietas naturais e orgânicas procuram controlar o tipo e origem dos ingredientes, alegando prevenir patologias como o cancro, alergias alimentares, doenças autoimunes, ou a presença de contaminantes perigosos com origem em certos ingredientes. Os benefícios das dietas naturais e orgânicas ainda não foram comprovados por métodos rigorosos.

Tendem a excluir conservantes sintéticos, necessários à conservação da dieta, e aditivos, como suplementos vitamínicos e minerais. No entanto, os conservantes são necessários para a segurança da dieta e preservação dos nutrientes. Os conservantes utilizados em rações animais estão testados e são também utilizados na alimentação humana.

Estas dietas tendem utilizar conservantes naturais (ex. Vitamina C / ácido ascórbico) de ação mais limitada, o que reduz o prazo de validade e facilita a deterioração da rápida da dieta. Logo, o cuidador deve estar atento à frescura e validade das rações naturais e orgânicas.

Dietas vegetariana e vegana

As dietas vegetarianas e veganas consideram crenças religiosas, éticas e preocupação de saúde e ambiente na escolha da ração. Como carnívoros, o cão e gato apresentam nutrientes essenciais que apenas estão presentes em ingredientes de origem animal, como a taurina, vitamina A e cobalamina.

A adaptação dos cães à alimentação vegetariana é mais simples devido à evolução canina para comer restos de alimentos humanos. Já os gatos são carnívoros estritos sendo especialmente suscetíveis a deficiências em taurina, que originam problemas cardíacos.

Muitas rações vegetarianas no mercado não aparentam um perfil nutricional adequado às necessidades dos cães e gatos. Logo, os animais devem ser seguidos regularmente por um médico veterinário e muitas vezes tomar suplementos alimentares.

Dieta de carne crua (BARF)

As dietas de carne crua são também conhecidas como BARF ou Biologically Adequate Raw Food (Alimentação Crua Biologicamente Adequada). As rações BARF procuram simular o estado selvagem do animal e alegadamente fornecer benefícios para a saúde. Os benefícios da dieta ainda não foram provados por métodos reputáveis e a alimentação de animais selvagens nem sempre é a ideal para a manutenção da saúde.

Vários estudos já demonstraram a relação de dietas de carne crua com inadequação nutricional, infeções gastrointestinais, perfuração e obstrução gástrica pela ingestão de ossos, e infeção microbiana do animal e família. Estes riscos são agravados em animais em crescimento que podem sofrer de osteodistrofia devido a desequilíbrios nutricionais.

A carne para consumo humano contém pequenas quantidades de bactérias patogénicas (ex. Salmonella) que são eliminadas na cozedura. O congelamento apenas adormece os microrganismos e o ácido gástrico não é suficiente para os eliminar. Logo, os cães e gatos podem sofrer de gastroenterite ou tornar-se portadores assintomáticos, infetando a família.

Para além da dieta BARF ser menos conveniente para o cuidador, requer também precauções na sua manipulação, limpeza dos locais de alimentação, interação com o animal, e remoção imediata das fezes.

Dietas grain free (sem cereais)

As rações grain free procuram limitar a ingestão de cereais por considerar estes ingredientes de baixa qualidade, difíceis de digerir, na origem de alergias alimentares, ou tentando reduzir a ingestão de carboidratos. No entanto, as rações continuam a apresentar carboidratos (ex. batata) e estes são facilmente digeridos pelos animais, sendo utilizados como uma fonte de energia.

Os cereais e grãos são utilizados também como fontes de outros nutrientes, como proteína, gordura e fibra. Por outro lado, os cereais não são uma causa comum de alergias (apenas de 1.5%!) sendo que maioria é causada por proteínas de origem animal, como carne, leite e ovos.

A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos relaciona o aparecimento de uma doença cardíaca em cães (cardiomiopatia dilatada) com o consumo de rações sem cereais ou grain free. Os animais apresentavam perda de energia, tosse, dificuldades respiratórias, e colapsos ocasionais. Pensa-se que estes casos esporádicos possam estar relacionados com deficiências nutricionais ou interações inesperadas com origem em novas fontes de carboidratos.

Dietas hipoalergénicas

As rações hipoalergénicas procuram limitar a exposição a proteínas que possam ter efeitos alergénicos. Idealmente, o ingrediente causador da alergia alimentar deve ser identificado através da utilização de uma dieta de eliminação seguida de testes de provocação. O cão ou gato apenas apresentará alergia a um alimento que já tenha sido exposto.

As dietas caseiras hipoalergénicas consistem numa fonte de proteína e uma fonte de carboidratos, não sendo nutricionalmente completas a longo prazo. As rações hipoalergénicas com ingredientes limitados são semelhantes à dieta caseira, mas mais convenientes.

As rações comerciais de proteína hidrolisada apresentam fontes de proteínas normais (ex. frango) que foram sujeitas a um processo de destruição, reduzindo o efeito alergénico. São convenientes, equilibradas, mas podem ser menos palatáveis e ter algum efeito alergénico.

Leia também: Quantidade diária de proteína para cães.

Como escolher a melhor tipo de ração para o seu cão ou gato?

Entre tantos tipos de ração, qual deverá escolher para o seu cão ou gato? Em primeiro lugar deverá escolher uma ração adequada para a idade e metabolismo do seu animal.

O rótulo da ração deverá mencionar “completa e equilibrada”, ou equivalente, para garantir o suprimento das necessidades nutricionais. Menção a controlos laboratoriais e testes fornecem maior confiança na escolha.

Geralmente as rações secas têm o melhor custo benefício por serem mais concentradas em nutrientes. A lista de ingredientes dirá pouco sobre a sua qualidade, apesar de dietas mais fracas sem constituídas principalmente por ingredientes mais baratos.

Com a exceção de dietas para perda de peso, que induzem saciedade devido ao aporte de fibra, poderá comparar entre doses diárias. Rações de maior digestibilidade e maior qualidade requerem menores doses diárias.

Mais é absorvido pelo organismo, menos é perdido nas fezes. Geralmente, uma ração melhor requer uma menor dose diária. Logo, rações aparentemente mais caras poderão na verdade ser mais baratas quando calculado o preço por dia.

Poderá optar por uma dieta alternativa, de acordo com a sua preferência. No entanto, será mais vantajoso comprar uma ração comum de maior qualidade (ex. Premium) do que preferir a compra de uma ração alternativa mais fraca, mas cara.

Por último, o teste final será feito pelo seu cão e gato: Gosta da ração? Mantém o nível de energia? Apresenta um pelo e pele com bom aspeto? Não apresenta transtornos gastrointestinais (ex. vómitos, diarreia)? As fezes têm boa consistência?

Recomendamos que leia o nosso artigo sobre como escolher a melhor ração para o seu cão ou gato.

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