Melhor ração para cães e gatos: qual escolher?

A nutrição é fundamental para manter o seu cão ou gato saudável. Mas com tantas opções, qual é a melhor ração?

As rações devem ser completas para suprir as necessidades do animal, que variam com a espécie, estadio de vida, e metabolismo.

Neste artigo vamos sugerir-lhe as melhores rações para cães e gatos de acordo com várias entidades. Ainda o vamos ensinar a calcular o preço da ração por dia, para que obtenha o melhor custo-benefício. Finalmente, iremos dar mais pormenores sobre os nutrientes, ingredientes e os níveis de qualidade da ração.

Qual é a melhor ração para o meu cão ou gato?

A informação sobre as rações limita-se ao rótulo, pelo que se torna difícil fazer juízos em relação à sua qualidade. O mesmo ingrediente utilizado na ração pode ser de melhor ou pior qualidade, algo que o consumidor não pode avaliar. E o conhecimento científico sobre a nutrição animal continua a evoluir, sendo aprimorado a cada ano que passa.

Logo, seria errado fazer uma recomendação geral de rações para cães e gatos sem saber a história específica do seu animal, a sua disponibilidade financeira, e as marcas disponíveis na sua área de residência. Por outro lado, este artigo fornecerá as informações necessárias para que faça uma escolha informada e adequada ao seu animal. Iremos também abordar como poderá escolher a ração mais barata e de boa qualidade.

Escolha marcas de confiança

As rações deverão ser formuladas para fornecer as necessidades minímas de nutrientes sem exceder limites que possam ser tóxicos. Os produtores de rações na Europa deverão seguir as tabelas nutricionais da FEDIAF.

A WSAVA é uma associação que tem como objetivo o progresso da saúde e bem-estar animal, financiada pelas principais empresas produtoras de rações para animais. A WSAVA apresenta um guia de como escolher uma marca de rações de confiança:

1. A ração deverá ser formulada por médicos veterinários nutricionistas e engenheiros alimentares, devidamente formados (especialistas ou mestrados), liderados por um médico veterinário nutricionista doutorado;
2. A ração deverá sujeita a controlo de qualidade desde que os ingredientes chegam até ao produto final, realizando testes que garantam a segurança alimentar e nutricional, através da análise de nutrientes, toxicologia, microbiologia e da validade do produto;
3. A existência de estudos científicos pela marca sobre o produto ou a nutrição animal demonstra a sua dedicação à causa e elevado padrão de conhecimento.

A Pet Nutricion Alliance apresenta uma ferramenta online que permite pesquisar alguns destes critérios a partir de relatórios fornecidos pelas empresas de produção de rações. Algumas marcas de ração segundo a WSAVA incluem:

• Purina
• Royal Canin
• Hill’s Science Diet
• Eukanuba
• Iams

Melhor ração para cães e gatos segundo a DECO Proteste

A DECO Proteste realizou uma análise nutricional de várias rações para animais de companhia. Os testes laboratoriais permitem-nos ter uma ideia da melhor ração. No entanto os testes têm limitações, não apresentando com transparência os resultados (apresenta um rating), sendo limitado apenas a alguns produtos, (25 para cães e 42 para gatos) e não testando outros parâmetros de qualidade (ex. digestibilidade, como discutido mais à frente). Para obter mais informações, recomendamos consultar a lista original da DECO Proteste, que poderá ser sujeita a alterações.

As melhores rações para cães adultos recomendadas pela DECO Proteste são:

• Acana Prairie Poultry
• Auchan Expert Frango e Arroz
• True Instinct Original with Fresh Chicken & Brown Rice

As melhores comidas secas para gatos adultos recomendadas pela DECO Proteste são:

• Ultima Affinity Adulto Frango
• Royal Canin Home Life Indoor 27
• Advance Affinity Adulto Frango

As melhores comidas secas para gatos esterilizados recomendadas pela DECO Proteste são:

• Advance Affinity Active Defense Sterilized Adult Turkey
• Purina Proplan Sterilised Adulto 1+ Optirenal Salmão
• Ultima Affinity Esterilizado Adulto Salmão

As melhores comidas húmidas para gatos adultos recomendadas pela DECO Proteste são:

• Kimba (ALDI) Paté de Carne com Salmão e Truta
• Purina One Adult Vaca e Cenouras/Frago e Feijão Verde
• Royal Canin Instinctive

Escolha a ração com o melhor custo-benefício: qual é a ração melhor e mais barata?

Como é resumido pelo Best Friends Veterinary Center: “O custo diário é um fator importante – uma vez que as melhores rações são mais digestíveis e fornecer mais nutrientes por peso, precisará de alimentar muito menos.”

Podemos indiretamente avaliar a qualidade (digestibilidade) entre rações comparando a dose diária recomendada. Por exemplo, duas rações equivalentes e para o mesmo peso corporal, a ração A tem uma dose diária de 100 g/dia e a B de 50 g/dia.

As necessidades nutricionais do animal são as mesmas, logo as duas rações têm que fornecer os mesmos nutrientes. Assim, os nutrientes da ração A estão mais diluídos, mais vai ser perdido nas fezes. É preciso comer mais ração para obter a mesma quantidade de nutrientes.

A ração B é de melhor qualidade (melhor digestibilidade), levando-nos a supor que a qualidade dos ingredientes utilizados foi superior. Este método pode também ser utilizado para encontrar a ração mais barata.

Para as mesmas rações, a ração A custa 1€/kg e a B custa 1.6 €/kg. A ração A parece mais barata, mas temos que fornecer mais por dia. Ao comprarmos 1 kg, a ração A apenas dura 10 dias e a ração B dura 20 dias.

Dividindo o preço pelos dias, obtemos o custo diário da ração. A ração A custa-nos 0.10€ por dia e a ração B custa 0.08€ por dia. Logo, devemos comprar a ração B.

	Ração A	Ração B
Dose diária (g/dia)	100	50
Custo (€/kg)	1	1.6
Duração de 1 kg (dias)	10	20
Custo diário (€/dia)	0.10	0.08

Utilizando este método, podemos comparar a qualidade preço entre várias rações semelhantes. As rações secas tendem a ter um melhor custo-benefício pois são mais concentradas em nutrientes. Já as rações húmidas têm um elevado conteúdo de água, que dilui os nutrientes, tornando-as mais caras.

No entanto, as rações húmidas podem ser vantajosas quando queremos estimular a ingestão, pois são mais palatáveis. É o caso de filhotes, animais idosos, e em convalescença. Estudos recentes demonstram que o uso de rações húmidas não aumenta a ingestão de água em gatos, pois ingerem água voluntariamente se alimentados com rações secas.

Leia também: Ração seca ou húmida para gatos: qual é a melhor?

Calcular o custo diário da ração

Poderá calcular o custo diário da sua ração utilizando a calculadora apresentada em baixo. Deverá preencher o peso e preço da embalagem de ração e a dose diária para o peso do seu animal, indicada nas instruções da embalagem.

Calcule o custo diário da sua ração:

Peso da embalagem de ração (kg):
Preço por embalagem de ração (€):
Dose diária indicada para o animal (g):

O teste final de qualidade apenas é conseguido quando fornece o alimento ao seu cão ou gato:

1. O animal deverá gostar do alimento para consumir a dose diária recomendada;
2. Deverá observar se existem perturbações gastrointestinais, como vómito ou diarreia;
3. As fezes deverão ser pequenas, castanhas e bem formadas;
4. A longo-prazo, a pele e pelo devem manter-se com bom aspeto e o animal saudável;
5. A longo-prazo, observe se o animal está a engordar ou emagrecer e ajuste a dose de ração.

A troca de dietas deverá ser feita gradualmente misturando as duas rações ao longo de vários dias. Numa sequência de dias, misture sucessivamente 25%, 50%, 75% da nova ração com a restante dose da ração antiga. Após este período de adaptação, poderá utilizar apenas a ração nova.

Escolher a ração de acordo com as necessidades nutricionais do cão e gato

A ração para animais contém todos os nutrientes necessários à saúde do cão e do gato. De acordo com o American Kennel Club (Clube Americano de Canis), a qualidade das rações comerciais é altamente regulada e testada.

As rações são formuladas para suprir as necessidades nutricionais mínimas do animal. Como as necessidades nutricionais variam, existem formulações para diferentes espécies, idades, metabolismo, e até raças e tamanhos.

Uma ração com mais proteína é melhor?

Pode pensar que as melhores rações são mais ricas em proteína. No entanto, a proteína apenas será utilizada para formar tecidos até um certo ponto, sendo o excesso convertido em energia (calorias). Os resíduos deste processo (ureia) são excretados pelos rins, podendo ser uma desvantagem em animais com problemas renais.

As fontes de proteína são os ingredientes mais caros da ração. Então, usa-se proteínas para suprir as necessidades estruturais dos tecidos. Para fornecer energia utiliza-se carboidratos e gorduras, que são mais baratos. Uma pequena quantidade de gordura é também utilizada para suprir funções estruturais.

Leia também: Quantidade de proteína diária para cães.

As proteínas são constituídas por blocos chamados aminoácidos. Existem aminoácidos essenciais que os cães e gatos não sintetizam e por isso devem obter através da alimentação:

• Valina;
• Leucina;
• Isoleucina;
• Arginina;
• Histidina;
• Lisina;
• Metionina;
• Fenilalanina;
• Triptofano
• Treonina.

Os cães têm dez aminoácidos essenciais. Os gatos têm onze aminoácidos essenciais que devem estar presentes na dieta. Ou seja, para além dos descritos anteriormente, os gatos ainda precisam de taurina pois não a conseguem produzir através da cisteína e metionina.

Quais sãos os melhores ingredientes para uma ração?

Um ponto essencial da nutrição é que os ingredientes são apenas veículos de nutrientes. Ou seja, os animais não precisam de comer ingredientes específicos (ex. carne), precisam de nutrientes (ex. proteína).

Os ingredientes são combinados para suprir as necessidades de nutrientes. Assim, podemos obter os mesmos 8 g de gordura de azeite ou óleo de girassol. A mesma lógica segue-se com os micronutrientes, como vitaminas, minerais, ácidos gordos, e aminoácidos.

É necessário fazer combinações de ingredientes para obter um bom perfil nutricional. Por exemplo, a maioria das rações utiliza fontes de proteína complementares para obter um melhor perfil de aminoácidos essenciais. É comum encontrar rações que combinam fontes de proteína animal e vegetal.

Os veterinários nutricionistas têm acesso ao perfil nutricional detalhado de cada ingrediente, combinando-os para satisfazer todas as necessidades do animal e não excedendo limites em que se poderiam tornar prejudiciais.

Não existem ingredientes bons ou maus, todos têm funções de ser veículo de nutrientes. No caso dos aditivos, os conservantes são importantes para garantir a segurança do alimento, enquanto os corantes apenas são utilizados pela estética.

Algumas rações ainda incluem componentes benéficos à saúde do animal (ingredientes funcionais). Como explica Scollar, estes incluem ácido gama-linoleico (GLA) que melhora o aspeto da pele e pelo, fructoligossacarideos (FOS) que promovem um microbioma intestinal saudável, e a vitamina E e beta-carotenos (os seus percursores) que são antioxidantes.

Leia também: Como são feitas as rações para cães e gatos?

Como ler o rótulo das rações para animais?

Os rótulos são a única informação disponível para a escolha entre rações. No entanto, a leitura do rótulo de rações para animais de companhia é complexa.

O mais importante é garantir que se trata de um alimento completo, adequado à espécie, atividade, e idade do seu animal. Como veremos a seguir, podemos utilizar a informação do rótulo para fazer uma escolha informada entre várias rações.

Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 105/2003 define as normas de comercialização de alimentos compostos para animais. A lei obrigada à qualidade e segurança dos alimentos compostos para animais, definindo os nutricionalmente equilibrados como “alimento composto completo” e os suplementos como “alimentos compostos complementares”.

Ainda deve estar presente a espécie, modo de emprego, lista de matérias-primas (ingredientes), constituintes analíticos (tabela nutricional), contacto da empresa, quantidade (peso ou volume), número de lote, data de durabilidade mínima (prazo de validade), e número de registo do estabelecimento.

O modo de emprego fornece informações sobre a quantidade de alimento a fornecer de acordo com o intervalo de pesos do animal. Essa dose de ração contém todas as calorias necessárias (energia), como também um equilíbrio dos restantes nutrientes.

A determinação de calorias na ração pode ser realizada por testes laboratoriais ou por estimativa a partir dos constituintes analíticos. É recomendado seguir as indicações da dose diária para evitar o excesso de peso, que pode originar obesidade.

A lista de ingredientes, ou matérias-primas, pode apresentar-se por denominação ou categorias, em ordem decrescente de quantidade. O consumidor não consegue avaliar a qualidade dos ingredientes, que pode variar em digestibilidade e valor nutricional. Geralmente, rações mais caras utilizam ingredientes de melhor qualidade.

Existem formas de manipular a lista de ingredientes, seja dividindo o ingrediente em várias formas para aparecer mais abaixo (5% de farelo e 5% de farinha são na verdade 10% de trigo) ou utilizando ingredientes ricos em água para aparecer mais acima na lista (ex. frango fresco é 70% de água, estará mais acima que o equivalente em farinha de frango).

Se o alimento apresentar uma fonte limitada de uma matéria-prima, deve apresentar no rótulo o seu teor mínimo ou máximo. Existem também ingredientes que são mal vistos pelos consumidores, mas que na verdade têm um elevado valor nutricional. Este é o caso dos subprodutos animais (ex. vísceras, fígado) que são mais ricos em nutrientes do que o músculo (ex. bife).

No entanto, a qualidade dos subprodutos pode variar sem que o consumidor se aperceba. Subprodutos animais podem referir-se a bicos ou patas de frago, pobres em nutrientes, ou vísceras, riquíssimas em nutrientes.

A tabela nutricional (ou constituintes analíticos) deve apresentar o conteúdo de proteína, gordura, fibra (celulose), cinza, e humidade se exceder os 14%. Alimentos complementares têm uma tabela nutricional diferente, apresentando ainda obrigatoriamente o cálcio, fósforo, sódio, e açúcares totais.

A tabela nutricional pode ser estimada pela marca através da lista de ingredientes ou com recurso a testes laboratoriais. Testes da ração finalizada fornecem mais segurança ao consumidor para garantir que a dose mínima de nutrientes não foi alterada durante o processo de produção.

A data de durabilidade mínima ou validade deve incluir a referência a “Utilizar antes de” em alimentos perecíveis, que não deverá ser ultrapassada, ou “Utilizar de preferência antes do fim de”, em alimentos de maior durabilidade.

No caso de rações naturais e orgânicas, a utilização de apenas conservantes naturais pode reduzir a validade do alimento. Alimentos húmidos também têm um prazo mais curto e devem ser conservados no frigorifico depois de abertos.

Outros aspetos presentes no rótulo e embalagem, não cobertos pela lei portuguesa, podem ter um aspeto de marketing. A publicidade é feita para agradar ao cuidador, que efetivamente compra a ração, seja pela conveniência, nutrição superior, ou simulando pratos conhecidos. É importante manter uma abordagem objetiva na escolha da ração e não se deixar levar pelo marketing.

Qual é a melhor ração para cães e gatos – avaliar a qualidade

A avaliação entre diferentes rações é difícil de fazer de forma objetiva devido à falta de informação fornecida ao consumidor. É impossível o consumidor avaliar a qualidade dos ingredientes utilizados, ou confirmar o equilíbrio nutricional na ração.

Menções no rótulo a testes e ensaios laboratoriais da ração fornecem maior confiança. No entanto, ainda será necessário escolher entre várias rações com estas menções.

Existem alguns conceitos que nos permitem compreender a qualidade de uma ração e indiretamente nos ajudam à escolha. O valor biológico é a proporção de proteína que é absorvida do alimento e incorporada no organismo (a utilização de proteína do alimento). A digestibilidade descreve os nutrientes que realmente estão disponíveis na ração para serem utilizados e não são perdidos nas fezes.

A digestibilidade da ração

A digestibilidade descreve a digestão e absorção de nutrientes pelo organismo, sendo o restante excretado nas fezes. Ou seja, a eficiência de utilização dos nutrientes presentes num alimento. Ingredientes de maior qualidade tendem a ter uma maior digestibilidade, necessitando de ingerir menos alimento e produzindo menos fezes.

A digestibilidade permite avaliar se os nutrientes fornecidos pela ração estão disponíveis a ser utilizados pelo cão ou gato. Assim, é um fator importante à manutenção da saúde e redução de problemas gastrointestinais.

Assim, segundo Nicole Cammack e Dr. Ryan Yamka da North Point Pets & Company: “A resposta simples é que a digestibilidade diz-nos se temos uma ração de alta qualidade ou não.”

As rações para controlo de peso, emagrecimento, e animais castrados são uma exceção, uma vez que utiliza-se um maior conteúdo em fibra para induzir saciedade. Estas rações vão produzir mais fezes intencionalmente.

Uma dieta digestível reduz os problemas digestivos (ex. diarreia, obstipação, flatulência), melhora a absorção de nutrientes, melhora a gestão do peso corporal, e reduz o impacto ambiental (porque produz menos desperdícios).

Segundo a veterinária nutricionista Linda Case, os seguintes valores de digestibilidade são utilizados como referência para classificar as rações secas:

• ≤75%: ração de baixa qualidade
• 75 – 82%: ração de qualidade média;
• >82%: ração de alta qualidade;
• >88%: ração de excelente qualidade.

No entanto, esta informação raramente é fornecida pelas marcas. A digestibilidade depende do alimento, método de confecção, e do próprio sistema digestivo do animal. Existem outras formas de compararmos indiretamente a digestibilidade entre rações, e assim avaliarmos a qualidade, como iremos descrever a seguir.

O que sabemos sobre a digestibilidade dos ingredientes nas rações que compramos?

Vários estudos científicos têm incidido sobre a digestibilidade de diversos ingredientes utilizados nas rações para animais. Os resultados destes estudos ajudam-nos na escolha da ração.

No primeiro estudo, os cientistas comparam a digestibilidade de três fontes de proteína na ração para cão: farinha de cordeiro, peixe ou frango. As rações com peixe apresentaram os melhores resultados de digestibilidade (87.0%), seguida das rações com frango (80.2%).

O cordeiro apresentou os piores resultados de digestibilidade (71.5%) e nos aminoácidos essenciais, sendo deficiente em metionina. Em conclusão, é preferível escolher uma ração de peixe ou frango a uma ração de cordeiro.

No segundo estudo, os cientistas avaliaram os benefícios de utilizar frango fresco na preparação de rações secas. Surpreendentemente, a inclusão de frango fresco em substituição de farinha de frango não melhorou a digestibilidade da ração.

Aliás, a farinha de frango utilizada na ração apresentou uma maior digestibilidade para aminoácidos individuais do que o frango fresco. Logo, a utilização de frango fresco na ração não garante uma ração de melhor qualidade.

No terceiro estudo, os cientistas comparam rações sem cereais (grain free) com as tradicionais contendo cereais. As rações com cereais demonstraram ter maior digestibilidade do que as rações sem cereais.

Os cientistas ainda constatam que as rações sem cereais apresentam níveis de carboidratos semelhantes às rações usuais. Em conclusão, as rações sem cereais não apresentam uma vantagem em termos de digestibilidade.

O Dr. Ryan Yamka na Petfood Industry ainda apresenta uma tabela com a digestibilidade de várias fontes de proteína utilizadas na ração de animais de companhia. Devemos também considerar a percentagem de matéria seca (em oposição ao conteúdo de água) do ingrediente.

Ingrediente	Digestibilidade da Proteína Bruta (%)	Matéria Seca (%)
Frango	82.8	38.6
Carne de vaca	80.4	40.6
Farinha de carne e osso	79.9	95.4
Farinha de soja	79.5	92.8
Farinha de Frango	79.4	92.0
Farinha de glúten de milho	79.3	86.5
Farinha de feijão de soja	79.2	89.5
Ovo	77.0	96.6
Subprodutos de frango	73.9	93.5

Já Ben Domb do OurPetsHQ, faz as seguintes recomendações na escolha de uma ração para animais de companhia. A quantidade de fibra presente na tabela nutricional não deve exceder 7.5% da matéria seca, podendo o excesso provocar distúrbios gastrointetstinais.

Deve-se escolher uma ração de alta qualidade com ingredientes de alta digestibilidade. Estes incluem ovos, farinha de frango, farinha de peixe, carne e subprodutos (vísceras), frutos e vegetais, e cereais integrais cozinhados (ex. cevada, milho, arroz, aveia, trigo).

Recomendações reativas a rações indicadas para várias idades e metabolismos

Segundo a Merck, os padrões alimentares dos cães e gatos alteram-se uma vez que o alimento se tornou mais disponível, reduziram os gastos energéticos, e aumentou a longevidade. Os cães alimentam-se de 1 a 3 refeições por dia, enquanto os gatos alimentam-se cerca de 18 vezes ao dia.

Os gatos são mais seletivos na sua alimentação, enquanto os cães são menos. As guloseimas não devem exceder 10% das calorias ingeridas durante um dia. Os suplementos alimentares não são necessários, e até podem ser contraprodutivos, quando o gato e cão se alimenta de uma ração completa e equilibrada. Isto porque alguns excessos de nutrientes podem ser tóxicos.

Leia também: O que misturar na ração para cães e gatos?

Melhor ração para cães e gatos júnior

O crescimento, gestação e lactação aumentam as necessidades nutricionais. Rações de crescimento para filhotes são mais ricas em nutrientes e de maior digestibilidade. Isto porque é necessário fornecer mais nutrientes para o crescimento num estômago mais pequeno e menor nível de enzimas digestivas (amílase pancreatica). Estas rações são também mais ricas em cálcio, fósforo, e vitamina D.

Sobrealimentação durante o crescimento é prejudicial ao crescimento ósseo e predispõe à obesidade em adulto. Da mesma forma, utilização de suplementos pode prejudicar o equilíbrio de minerais e prejudicar a deposição óssea. A alimentação deve ser feita 3 vezes ao dia, devendo ser mais frequente em cães pequenos.

Melhor ração para cães e gatos gestantes e lactantes

As cadelas gestantes deverão ser alimentadas com ração de adulto até o último terço da gestação, quando as necessidades aumentam em 20 – 30%. Já as gatas necessitam de um aumento gradual da ração desde o momento da concepção, devido ao crescimento fetal contínuo e preparação para a lactação.

Na lactação, as necessidades são 2 – 4 vezes superiores, por isso deve ser feita uma alimentação livre (ad libitum). A dieta deve ser rica em gordura para evitar que a cadela ou gata emagreçam. Dietas de crescimento ou júnior são geralmente utilizadas durante a gestação e lactação devido à sua densidade energética. Geralmente, estas dietas são ricas em proteína e gordura, e pobres em fibra.

Melhor ração para cães e gatos adultos

Durante a fase adulta, as necessidades são menores do que durante o crescimento. São as chamadas necessidades de manutenção. A ração deve permitir manter a condição corporal e satisfazer a fome, o que pode necessitar de um maior conteúdo em fibra. Se o cão ou gato estiver exposto ao frio, irá consumir mais energia para manter a temperatura corporal.

Animais de trabalho, em stress, ou recuperação têm maiores necessidades de energia. Estas dietas têm maiores conteúdos de gordura, equilibrando os outros nutrientes respetivamente. Em níveis extremos, como dos cães de trenó, as rações podem ser maioritariamente constituídas por proteína e gorduras. Neste caso, a gordura será a principal fonte de energia, fornecendo mais calorias por grama do que o equivalente de carboidratos.

Melhor ração para cães e gatos sénior ou idosos

Os cães e gatos sénior não são tão eficientes a metabolizar proteína e, no caso dos gatos, a digerir gorduras. Logo, a ração deve ser enriquecida com estes nutrientes e de alta digestibilidade. Animais geriátricos podem tornar-se obesos ou magros, sendo necessário ajustar a dieta para manter uma boa condição corporal. A melhor ração para o seu animal idoso deverá adaptar-se à tendência de emagrecimento, usando dietas mais ricas em energia, ou engordar, utilizando dietas mais pobres em energia.

Leia também: Qual é a melhor ração para cães e gatos idosos?

Melhor ração para cães e gatos castrados ou esterilizados

A castração geralmente ocorre na entrada da idade adulta, evita fases reprodutivas com redução da ingestão do alimento, e altera o metabolismo do animal. Assim, é necessário fazer uma dieta menos rica em calorias (energia) para prevenir o ganho de peso após a castração.

Melhor ração light ou para cães e gatos obesos

A obesidade resulta de um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético, tendo consequências graves na saúde e longevidade. Dietas para a obesidade têm como objetivo restringir o aporte calórico (energético) suprindo as necessidades dos restantes nutrientes. Apenas reduzir a ração para adulto não é recomendado pois leva a desequilíbrios nutricionais. As rações light ou para animais obesos geralmente são ricas em proteína e fibra. A perda de peso deve ser lenta e gradual (1%/semana), sendo que quebras abrutas predispõem os gatos para a lipidose hepática.

Melhor ração para cães e gatos com estomago sensível ou com problemas gastrointestinais

Os animais predispostos a diarreia ou problemas gastrointestinais beneficiam de uma dieta de alta digestibilidade e suplementação com prebioticos e probióticos. Nos casos de obstipação, deve-se fornecer uma dieta mais rica em fibra nos cães e de alta digestibilidade e com pré-bióticos nos gatos. Para raças de cães grandes e de peito profundo predispostas a dilatação e volvo gástrico, é recomendado dividir a ração em várias doses, evitar o exercício antes e depois de comer, e evitar alimentos com proteína de soja.

Em doenças intestinais e pancreáticas com vómitos, diarreia, perda de peso, e alterações de apetite, recomenda-se uma ração com alta digestibilidade, baixa em fibra, e moderada em gordura e proteína, sem cereais, e suplementada com vitaminas. No caso da insuficiência pancreática exócrina, o alimento deve ser suplementado com um suplemento de enzimas e vitamina B12. Em todos os casos, recomenda-se a consulta de um médico veterinário para fazer um diagnóstico das causas das alterações gastrointestinais.

Melhor ração para cães e gatos alérgicos ou com dermatite atópica

Alergias alimentares envolvem o sistema imune e apresentam sinais como vómito, diarreia, e prurido não sazonal, podendo aparecer como alergia da pele ou atopia. Os animais apenas desenvolvem alergias alimentares a ingredientes que já tenham sido expostos. O diagnóstico é feito fazendo uma dieta restrita e depois expondo o animal a estes ingredientes. As alergias são geralmente causadas por fontes de proteína.

Uma dieta hipoalergénica deverá conter ingredientes que o animal nunca comeu, como peixe, veado, coelho, pato. Em alternativa, rações hipoalergénicas poderão utilizar proteínas hidrolisadas, destruindo-as de forma que não sejam reconhecidas pelo sistema imunitário. No entanto, as proteínas hidrolisadas ainda poderão causar alguma reação alérgica. Dietas hipoalergénicas são geralmente mais caras devido à produção exclusiva e livre de contaminação cruzada. Poderão ainda ser utilizadas dietas caseiras hipoalergénicas, tendo a desvantagem de ser geralmente nutricionalmente desequilibradas.

Melhor ração para cães e gatos diabéticos

No cão, a diabetes mellitus tipo I requer administração de insulina, podendo ainda desenvolver-se pancreatite crónica, hiperadrenocorticismo, e infeções urinárias. A dieta recomendada apenas para a diabetes mellitus deve ser composta por uma quantidade moderada de fibra. O animal deve ser alimentado antes da administração da insulina. A dieta deve ser consistente ao longo dos dias. Nos gatos, desenvolve-se a diabetes tipo II devido à idade e obesidade. O gato diabético deve ser alimentado com uma dieta rica em proteína e baixa em carboidratos, para melhorar a regulação do açúcar no sangue.

Melhor ração para cães e gatos com paladar exigente e para engordar

Uma das causas de o animal não comer a ração (anorexia) pode ser a sua palatabilidade. Poderá experimentar outro tipo de ração, utilizar ração húmida, e até aquecer os alimentos para os tornar mais apetitosos. Dietas mais ricas em gordura, ou por adição (ex. de gordura animal), poderão ser mais atrativas para o animal. O ambiente em que o alimento é fornecido também influencia a ingestão, sendo que os gatos necessitam de um local calmo, sem outros animais, e longe da água e caixa de areia.

Se o animal ingere alimento, para engordar deverá aumentar a dose diária ou substituir por uma ração mais rica em energia. Se está a fornecer uma dieta light ou de controlo de peso, deverá passar a fornecer uma dieta de adulto para que o animal ganhe peso. A anorexia também poderá ter uma causa médica. Várias doenças e a dor podem reduzir a ingestão de alimentos. Em casos de convalescença, ingerir alguma comida é mais importante do que ingerir a comida certa. Em casos graves, poderão ser colocados tubos de alimentação. Em casos de doença, é recomendado fazer várias pequenas refeições.

Melhor ração para cães e gatos cardiopatas

Nas doenças cardíacas é importante reduzir a retenção de água restringindo o sódio na ração. A maioria das rações contêm muito sódio para cães e gatos cardiopatas. Assim, é necessário substituir por uma dieta baixo em sódio ou apropriada a problemas cardíacos. Guloseimas ricas em sódio também devem ser substituídas, podendo-se usar frango ou bife. Nos gatos, é recomendado fazer uma suplementação com taurina. Nos cães, suplementação com carnitina parece por vezes ajudar. Se o animal está obeso, deverá perder peso. Se estiver magro, deverá aumentar-se a ingestão calórica. No caso de falha renal, deverá ainda restringir-se a proteína e fósforo na dieta.

Melhor ração para cães e gatos com problemas renais ou urinários

Na insuficiência renal crónica, pretende-se reduzir a excreção e metabolismo nos rins. A dieta deve ser restrita em fosforo, suplementada em ómega-3 (EPA/DHA), alcalina, e suplementada com vitaminas B. Nos gatos, ainda deve ser suplementada em potássio. Nos cães, o uso de antioxidantes e dietas ricas em proteína parece ser benéfico.

A urolitíase (pedras na bexiga) pode ser provocada por cristais de estruvite, geralmente como resultado de infeção urinária, ou cristais de oxalato de cálcio, que requer uma dieta alcalina, baixa em oxalato, restrita em proteína, e rica em sódio para encorajar a ingestão de água.

A Doença do Trato Urinário Felino (FLUD) deverá ser tratada medicamente, sendo comumente causada por cistite felina idiopática seguida da formação de cristais de estruvite. Os gatos também poderão sofrer de urolitíase por estruvite e oxalato de cálcio. O tratamento passa por encorajar a ingestão de água usando fontes, ração húmida, ou ração rica em sódio. No entanto, a ração rica em sódio está contraindicada em gatos que sofram de insuficiência renal crónica.

Melhor ração para cães e gatos com pancreatite

A pancreatite crónica geralmente expressa-se como diarreias, fezes amarelas (com gordura), perda de peso, aumento do apetite, e alterações na absorção de vitaminas. Nos gatos, a pancreatite pode fazer parte da Tríade Felina. As primeiras intervenções poderão ser médicas, com administração de fluidos e redução da dor. A longo prazo, deverá ser mantida uma dieta de alta digestibilidade, de fibra moderada, pobre em gordura, suplementada com extratos de enzimas e vitaminas, e redução do peso em animais obesos.

Melhor ração para cães e gatos com queda de pelos

É natural nos cães e gatos soltarem pelos, sendo problemática quando se formam áreas sem pelo (alopecia). Mais fácil é observar a alteração na hidratação da pele e brilho do pelo como consequência da dieta. Para garantir uma pele e pelo saudáveis, deverá fornecer uma dieta rica em proteína, especialmente aminoácidos metionina e cisteína, vitamina A, vitamina E, zinco, e ácidos gordos essenciais (ómegas).